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quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

CUIDADOS HOLÍSTICOS DE SAÚDE

 
 
 
SAI RAM, ouvintes, temos o prazer de ter conosco o Dr. Ramanathan Iyer. Ele esteve conosco antes e muitos de vocês devem ter ouvido nossa conversa com ele sobre suas experiências como médico, especialmente servindo no hospital de Swami. Hoje, eu o chamei para discutir a relação corpo-mente, especialmente com referência à saúde, de modo que ele possa nos dizer o que devemos e o que não devemos fazer sobre nosso corpo e como devemos lidar com nossa mente para controlar e disciplinar o corpo. Dr. Iyer, acho que fiz uma introdução um pouco longa. Assim, deixe-me passar-lhe o microfone de modo que o senhor possa proceder à sua fala de abertura.
Muito obrigado, senhor. Para iniciar, eu ofereço meus mais reverentes Pranams aos Pés de Lótus de meu Bem-Amado Mestre, Bhagavan Sri Sathya Sai Baba. Sai Ram a todos os ouvintes da Radio Sai Global Harmony. Trata-se de um assunto que provoca muita reflexão.
Gostaria de dirigir minha atenção intuitivamente, se todos nós olharmos para trás, em algum ponto no tempo tínhamos aquele elemento de controle mental sobre o corpo. Infelizmente, o ambiente e as circunstâncias nos treinaram de tal modo que nos esquecemos convenientemente da influência da mente sobre o corpo.
O senhor diz que antigamente tínhamos controle da mente sobre o corpo. O senhor pode explicar isso melhor, porque não está muito claro para mim. Quando foi isso? Quando aconteceu? Como perdemos esse controle?
Os Vedas são nossas escrituras antigas; elas vêm expondo isso desde tempos imemoriais. Infelizmente, o modo como a ciência moderna assumiu achou que, dissecando cada órgão, ela chegará a uma descoberta. Eu mesmo sou um praticante da ciência moderna, não sou contra ela. O que eu digo é que eles poderiam ser bem-sucedidos, numa larga escala, em quase todos os sistemas de órgãos, exceto no cérebro. Até hoje, será que alguém neste mundo pode me dar uma definição abrangente do que é a mente? A seguir, o gênesis do pensamento: vocês podem escrever páginas e páginas, mas podem reduzir o pensamento a simplesmente uma série de eventos eletro-bioquímicos? Se fosse assim, poderíamos realmente modular o pensamento.
O senhor disse que os videntes védicos entendiam a profunda conexão entre a mente e o corpo, seu relacionamento, etc. Eu estou certo em assumir que um pouco desse conhecimento foi formalmente codificado no que nós chamamos de Ayurveda? Posso solicitar-lhe que nos dê uma introdução sobre Ayurveda, porque muitas pessoas podem não saber do que se trata?
O próprio nome Ayurveda nos diz do que se trata. Ayur, como você sabe, em Sânscrito significa vida ou longevidade. Assim, ela é o Veda da longevidade. Eles nunca falaram de Oushadhi Sastra (sistema médico) ou de Bhaishaja Vijnan (ciência da medicina). Um ramo dela foi um sistema de medicina que tinha uma abordagem bastante holística. O médico de Ayurveda era chamado de Vaidya. Quando uma pessoa entrava, a partir desse momento em diante começava o processo de diagnóstico. O modo como a pessoa vem e se senta e apresenta suas queixas, isso é analisado. E não termina com a moderna espécie de perguntas: “Qual é o seu problema?” “Senhor, eu sinto dor de barriga” “O que mais?” “Eu tive desinteria.” “Okay, deite-se.” Verifica a pulsação, a pressão sanguínea, a temperatura e receita antibióticos por três dias. E acaba aí. Em algum ponto na história da Ayurveda, eles tinham um excelente domínio do conhecimento sobre como interpretar a pulsação periférica.
O que o senhor quer dizer com pulsação periférica?
A pulsação radial, o que nós, gente moderna, usa para calcular somente o ritmo cardíaco.
É o que a gente sente perto do pulso?
Sim. A pulsação tomada no pulso. Eles tinham uma ciência já desenvolvida bastante avançada exclusivamente baseada na análise da pulsação.
E disso eles podiam tirar um bocado de conclusões.
Um bocado no sentido de que eles tinham conhecimento dos distúrbios dos assim chamados três humores no corpo. O que eles chamavam Vata-Pitta-Kapha (vento-cólera-calma). Se a gente observa pela terminologia da bioquímica atual, você vê o corpo inteiro como um todo. Um desses elementos predomina em cada um dos sistemas. E eles achavam que a maioria das doenças surgia de um desequilíbrio de um desses humores.
O moderno sistema de medicina, do modo como ele evoluiu atualmente, tem suas maravilhosas vantagens. Não estou negando isso de modo algum. O que eu digo é que ele é analítico demais; não é holístico.
Primeiro, nossos povos antigos podiam se ligar muito intimamente com a natureza. Segundo, eles sabiam como colocar todas as faculdades, os Indriyas (sentidos) em uso eficaz. Isto é o que o homem antigo fazia. Hoje, com nosso progresso adiantado, nós nos tornamos muito artificiais, nós não estamos conscientes dos tesouros que carregamos.
Bem, deixe-me esclarecer bem este ponto, a maioria dos meus confrades profissionais estão sob a impressão de que é a pílula que eles receitam que está fazendo milagres. A partir de minhas próprias inferências e observações intuitivas, esta não é a realidade. O que eu digo é se você dissolve uma pílula, toma os Bhasmas (cinzas de metais) da Ayurveda ou as pílulas da homeopatia cobertas de açúcar ou qualquer outro sistema de remédio que você tenha, qualquer sistema de remédio apenas facilita ao corpo sua recuperação. Se um paciente pega uma infecção, pode o médico alegar que ele deu o antibiótico correto e adequado, que é por isso que ele ficou curado? O que o médico não consegue compreender é que o antibiótico foi somente um auxílio para o sistema imunitário da própria pessoa.
É possível que vocês tenham visto, esses eram os tempos dos médicos de família. Eu vi meu próprio avô, que foi um dos médicos de gerações. Para qualquer queixa relacionada à saúde na família, a primeira pessoa a ser abordada era o médico da família. Esse era o relacionamento médico-paciente. Esse tipo de relacionamento era mais firme do que o laço familiar, porém isso parou de existir atualmente.
Eu devo entender que o elemento humano é mais importante do que os antibióticos, que apenas ajudam o sistema já construído por Deus dentro do corpo?
Sim. Se você me permite, vou citar um pequeno acontecimento que houve na varanda. Numa tarde de domingo, Bhagavan saiu, eu estou falando daqueles tempos – em torno de 1995-96. Ele costumava se divertir provocando os médicos. Ele juntou seis ou sete em torno de Si na varanda e começou. Eu testemunhei isso e estava sentado a poucos centímetros de Seus Pés de Lótus. De vez em quando, Ele me dava uma olhada e começou a falar sobre dieta. E Ele começou a dizer: “Hei, vocês médicos receitam proteínas, carboidratos, vitaminas e minerais. Vejam, este corpo come apenas um Ragi Roti e toma um copo de água pura. Nenhum leite, nenhum chá, nenhum chocolate maltado, nem bebida de cereais, nada disso, e eu sou capaz de fazer mais trabalho físico que vocês. Vocês fazem menos da metade do que eu faço.” Foi assim que a coisa começou.
Assim, aconteceu que um paciente procurou um médico e aparentemente o paciente sofria de alguma forma de doença terminal. E o preocupado médico disse a verdade ao paciente e à família de modo direto. Eles, por sua vez, vieram chorando e é como Bhagavan entrou nisso. Bhagavan deu uma declaração que até hoje ressoa nos meus ouvidos cada vez que eu vejo alguém com uma doença terminal. Bhagavan disse: “Vocês são todos médicos altamente formados, próximos mesmo de Deus. Vocês sabem que este homem, em sua atual condição, não consegue viver por mais de duas horas. Apesar de saber disso, você deve dizer ao paciente que o examinou e que ele não precisa se preocupar porque você lhe deu um remédio e tudo ficará bem.
Não se surpreendam se ele viver por mais dois meses. Porém, se você lhe diz que sua condição é muito ruim, que é um caso sem esperança, e a expressão do seu rosto muda, o paciente não irá sobreviver mais do que duas horas. Nos próximos 15-20 minutos, o paciente já terá partido.” Você pode ver o rosto emotivo de Bhagavan, um dos melhores atores do mundo, eu diria.
Essa fé parece ser um fator muito, muito importante.
É por isso que eu rezo e todas essas coisas ajudam. Algo similar já está acontecendo de modo diferente nos hospitais de Bhagavan, aqui e em Whitefield. Quando temos os bhajans todos os dias, isso produz uma espécie de vibração calmante entre os pacientes. Ninguém força os pacientes e os parentes também se juntam a esses cânticos; eles vêm voluntariamente.
O senhor deveria explicar este bhajan em benefício dos ouvintes.
Apenas cânticos congregacionais.
Isso não é feito nas alas do hospital, não é?
Nós temos bhajans nas alas. Todos os pacientes da ala, algumas enfermeiras se estiverem livres e um ou dois membros Seva Dal, que são enviados, também se juntam. É uma prática regular, é meu décimo-segundo ano, toda noite quando entro na ala do hospital eu escuto os bhajans ressoando. De tal forma, que eu acabei me viciando nisso. As pessoas podem rir de mim quando eu afirmo isso sendo um médico, mas eu lhe digo que isto tem uma, profunda influência na recuperação dos pacientes. Isto acontece independente de qual seja a religião que o paciente professe.
Por favor, tenha a bondade de me dar licença, preciso de alguns minutos para a prática da Sandhya Vandana (oração diária) que nos foi ofertada, de geração a geração, mas que atualmente se tornou um ritual superficial.
Eu sei disso, mas muitas pessoas não sabem que existe um ritual desses. Eu sei porque minha mãe costumava dizer, se você não obedecer, não vai comer!
Veja como ele foi tão belamente projetado. Primeiramente, era uma oferenda de obediência ao deus Sol ao amanhecer, ao meio-dia quando o Sol está no seu zênite e ao anoitecer. O Sol é vida, se não há Sol, não há vida. A ciência disse que se o Sol decidir desaparecer, o mundo inteiro desaparecerá. Os antigos compreendiam isso e davam um significado esotérico para isso. A existência decisiva da vida neste planeta é Sol. Isto é o que Sandhya Vandana ordenava. Todos os dias você entoa alguns mantras onde você reza ao deus Sol para iluminar o seu intelecto. Infelizmente, hoje ninguém diz a você o significado dos mantras Sandhya Vandana. Quando você chega ao último Sloka do Sandhya Vandana, ele ensina o não-dualismo ou Advaita, com um exemplo muito, muito simples. Akashat Patitam Toyam Sagaram Pratigachhati (o oceano é o destino final da água que cai do céu). Este é um fato que todos conhecem. Infelizmente, hoje as pessoas desconhecem esse tesouro tão rico.
Em resumo, o que o senhor está dizendo é que Sandhya Vandana é uma boa disciplina mental. Também, por causa de Pranayama, é um bom exercício de respiração, controle corpo-mente codificado sob a forma de oração.
Vocês devem ter visto a Vata Vriksha, a famosa árvore que Bhagavan plantou há muito tempo em um Guru Purnima. Está perto de um museu. Lá há um cartaz: Meditação é observar a respiração. Eu li isso uma vez e tenho estado refletindo a respeito desde então. Nós fazemos pranayama, o que envolve inalação, retenção e exalação. Quando você está fazendo isso, finalmente você tem controle sobre o sistema nervoso autônomo. Se você ganhar controle sobre o sistema nervoso autônomo, 99% das doenças param de existir.
Agora eu gostaria de mudar o assunto e fazer-lhe uma pergunta sobre o que, algumas vezes, é referido como doença psicossomática. O que é isso?
Psique, como a ciência moderna entende, é, de modo muito rudimentar, a mente. Somático afetando o sistema do corpo, a estrutura do corpo. Nós estamos novamente voltando à relação mente-corpo. Atualmente, só umas poucas doenças são categorizadas como psicossomáticas, em que vocês devem ter visto algumas pessoas que são agitadas, nervosas, que estão sempre no limite da paciência, quando até mesmo pequenos aborrecimentos podem colocá-los fora de seu equilíbrio. Diz que essas pessoas ficam com hipertensão, adquirem hiper acidez, úlcera gástrica, ataque cardíaco, etc. Em seguida, dizem, que é basicamente um problema psicossomático. Dê um tranquilizante para ele se acalmar.
O estado de espírito tem uma profunda influência sobre o sistema imunológico. Se você disser, Yoga, Pranayama, Sandhya Vandana ou outros Mantras e Bhajans, eles estão todos indiretamente influenciando a mente; eles harmonizam o nosso sistema imunológico.
Já que o senhor trouxe o ângulo espiritual depois de nossa longa conversa, deixe-me terminar no mesmo tom. Esta tarde eu estava ouvindo um programa de rádio transmitido da América do Norte. Era muito interessante, sobre uma senhora de mais ou menos 50 anos que tinha ficado paralítica na idade de 17 anos.
Ela estava mergulhando, a água era rasa, ela teve uma lesão que afetou seu sistema nervoso, o que resultou em deixá-la tetraplégica ou algo parecido. Ela não podia mover nenhum dos quatro membros, mas tornou-se uma espécie de celebridade, depois de alguns anos vivendo uma existência vegetativa e sofrendo de depressão. Ela estava falando sobre como a transformação veio até ela.
Ela disse: "De repente, descobri Deus. Eu não tinha nada, descobri que poderia emprestar de Deus tanto quanto eu quisesse. Ele estava dentro de mim." Ela estava, o tempo todo, falando sobre a fé em Deus, ela estava em êxtase. Ela disse: "Olha, há pelo menos seis pessoas que me ajudam com as funções do corpo e me sinto exausta demais. Então, digo o mesmo, Deus, eu não posso ficar assim. Eles têm feito tanto por mim. Dê-me um pouco de Seu sorriso. Quero sorrir para eles." Diz ela que isso lhe dá energia e continuou no mesmo tom.
Ela vai a programas de rádio, etc. Ela fundou uma grande sociedade para ajudar pessoas com necessidades especiais. Fez parte de um comitê que aprovou uma nova Lei no Congresso para prestar auxílio às pessoas com necessidades especiais. Porém, o entrevistador lhe fez uma pergunta: “A senhora culpa Deus pelo que lhe aconteceu? A senhora acha que foi amaldiçoada?
Ela disse: “Não. Acho que Deus me deu minha vida ao me dar esta deficiência.” Como? “Olhe, minha vida passou a ter um propósito. Agora sou capaz de ajudar tantas pessoas. Se eu não tivesse passado por isso, minha vida teria sido inútil. Eu não acho que seja um sofrimento. Eu agradeço a Deus por isto.” Eu fiquei perplexo. Toda a nossa sabedoria dos Vedas estava codificada nesta senhora que não pertence à nossa cultura. Porém, seu coração está no lugar certo.
Exatamente. A questão é de compreensão ampla [realização]. Quem dirá que perder completamente o movimento dos membros é uma bênção de Deus?
E é o que Swami diz no Gita Vahini: “Acolha a miséria. A miséria é uma amiga porque irá ajudá-lo a descobrir Deus.” Isto é precisamente o que aconteceu com essa senhora.
Para esta senhora, foi sua própria autorrealização.
Ela compreendeu que Deus está dentro dela porque ela está retirando força de dentro de si mesma todo o tempo. Não é de alguma outra pessoa. De repente, o Gita se tornou vivo para mim quando ouvi isso.
Se você observar, a ênfase no Gita é sempre sobre internalização, em vez de externalização. A busca de hoje é toda externalização. Quando ocorre a internalização, então tudo o que você está vendo, você verá a partir de uma perspectiva muito ampla.
As assim chamadas doenças da sociedade moderna existem totalmente em consequência da externalização. Se nós utilizarmos a técnica da internalização, independente de nossa casta, cor, credo, nacionalidade, limites geográficos, não importa quem ou o que somos, nós não conseguimos contar as bênçãos que temos.
Nós não compreendemos completamente as nossas bênçãos. Nós só contamos o que não temos. Aliás, esta senhora aprendeu a pintar usando seus dentes para segurar o pincel. Ela expôs seu trabalho em muitas mostras em New York e Washington. A sua coragem é fenomenal.
Recentemente, Stephen Hawking estabeleceu um grande ideal.
É notável. Antes disso, Helen Keller.
Excelente! Aquela coragem, ou seja lá como você chame isso, a coisa interior. A coisa básica é que eles puderam internalizar, o que a maioria de nós é incapaz de fazer.
Bem. Obrigado, doutor, em meu nome, da Radio Sai e de nossos numerosos ouvintes em todo o mundo. Jai Sai Ram.
Muitíssimo obrigado. Jai Sai Ram
Cortesia: Radio Sai Global Harmony.

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