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sábado, 19 de março de 2011




A TEIA DO AMOR

“Nós fomos criados para amar e ser amados... 12:112 O amor tudo aceita e tudo dá. O amor deve ser tão natural quanto viver e respirar... 12:118”.
Madre Teresa de Calcutá (1.910-1.997)

“Amemo-nos, uns aos outros... Aquele que não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor”
I João 4:7s

O inimigo real do amor é o medo. “As pessoas geralmente acham que o amor e o ódio são opostos.... O amor e o ódio são a mesma energia, amor-ódio é uma energia. O amor pode se tornar ódio, o ódio pode se tornar amor; eles são conversíveis. ... A oposição real é entre o amor e o medo. ... O medo não pode ser convertido em amor, o amor não pode ser convertido em medo; eles não são conversíveis” 72:113.
Mohan Chandra Rajneesh – o Osho (1.931-1.990)



O amor é o sangue da alma, sem ele está-se morto. Será que existe mais doce sensação? Qual palavra abrange mais significados do que o amor? Já há registros arqueológicos de mais de 3.000 anos de antigas canções de amor egípcias, em que metáforas poéticas são belamente utilizadas para comparar partes do corpo do ser amado com pedras preciosas, ervas aromáticas, frutas e flores. Até nas Escrituras religiosas o amor entre o homem e a mulher é tratado como algo sagrado, como vemos no taoísmo, no cristianismo (no Antigo Testamento – Cântico dos Cânticos) e no tantrismo, por exemplo. Todo relacionamento a dois envolve quatro tipos de ligação: a paixão, o compromisso, a intimidade e a ligação espiritual.

Para os gregos, cinco formas básicas de amar seriam possíveis, às quais eles davam nomes diferentes: porneia, storgé, philia, eros e ágape. Porneia seria o amor à matéria e aos sentidos, presente e saudável na criança que deseja consumir e satisfazer sua fome e sua sede, sentir prazer no ter como forma de ancoragem para apoderar-se de sua nova existência terrena. O problema ocorre quando porneia permanece após a primeira infância levando-nos a uma sede e fome consumistas, uma compulsão a ter e sentir.
Storgé tem o sentido de amor entre consangüíneos, entre seres de uma mesma família de origem. O amor materno, o amor paterno, o amor entre irmãos, etc., numa intensidade proporcional ao grau de consangüinidade e de contato diário. Um amor que dispensa afinidades e que serve de elo oculto para manter juntos seres que têm problemas a resolver. Um laboratório para o crescimento individual, um teste para a boa convivência social.
Philia é usado para descrever a profunda afinidade existente entre verdadeiros amigos, aquela forma de amor que se sente como afeição mútua e como grande alegria em encontrar, conversar, partilhar, ajudar e abraçar. Aqueles encontros entre amigos afins, onde, entre brincadeiras e risos, somos invadidos por uma satisfação profunda, algo vago que nos toca o coração de uma forma amena e prazerosa. Uma intensa troca entre seres que partilham afinidades e por isso são chamados de “segunda família”.
Philia é o amor maduro que já não espera que o outro possa preencher todas as nossas expectativas, a mais elevada forma de amor que o homem comum pode experimentar. Compreende-se que a felicidade pessoal brota de nosso interior e independe do outro e assim não se exige mais dele que preencha a nossa ânsia pelo Infinito. Do termo philia vem as palavras filosofia (amor à sabedoria) e filantropia (amor ao homem). Está-se a um passo de ágape.
Já eros é a face do amor que, geralmente, é conhecida por outro nome: paixão. Derivada do latim passio, a palavra paixão denota a conexão inevitável entre o amor e o sofrimento: “o sofrer por amor”. Por isso a expressão “Sexta-Feira da Paixão”, onde Jesus sofre e morre por amor à humanidade. Dor e prazer estão intimamente conectados em eros, um estado psiconeurobioquímico amplamente investigado pela ciência desde a década de 1.960. Sabe-se hoje que eros mexe com toda a química do organismo, causando aceleração dos batimentos cardíacos e da respiração, insônia e perda de apetite (pelo aumento da dopamina e da noradrenalina), só para dar exemplos de algumas alterações físicas.

Mas essa revolução química não perdura por toda a vida. Em média, uma paixão dura de dois a três anos, no máximo. Eros é representado na mitologia grega como uma divindade brincalhona que passa o tempo todo flechando o coração das pessoas, fazendo-as, contra a vontade consciente e o raciocínio lógico, se sentirem irremediavelmente atraídas por alguém de seu convívio. Os franceses chamam essa paixão incontrolável de amour fou (amor louco), sentimento que derruba todas as barreiras e convenções para se fazer presente entre pessoas que, geralmente, satisfazem um conjunto de expectativas nossas, semeadas durante a infância e construídas ao longo da vida.

É uma das mais poderosas forças da existência, é uma aventura, um legítimo impulso de doação e afeição que traz embutido um desejo intenso de estar com o outro, conhecê-lo mais profundamente e de unir-se com ele. Enquanto se suspeitar haver algo novo para ser conhecido no outro, eros permanecerá e se manterá ativo. No momento em que se acreditar que já se conhece tudo sobre o outro a paixão se dissolverá. Esse é o grande e simples segredo de se manter sempre apaixonado: constatar que o outro sempre será um desconhecido. Manter eros aceso numa relação é manter um contínuo revelar-se para o outro. E para esse contínuo revelar-se é imprescindível um contínuo autoconhecer-se. Juntos no processo de se autoconhecer, juntos no processo de revelar-se um ao outro, ajudarem-se mutuamente e purificarem-se conjuntamente.

Movido por essa enchente neuroquímica, o cérebro decide racionalmente a conveniência de uma ligação de proximidade a curto, médio ou longo prazo. Desse compromisso assumido, toma força uma energia de ligação mais forte e sutil: a intimidade. A intimidade leva a laços mais fortes de relacionamento, união e integração, através da energia do amor. A experiência erótica, ou paixão, muitas vezes é confundida com o desejo sexual. Mas sexo é independente de eros, embora intimamente interligados. Pode-se ter desejo sexual sem paixão e podemos nos apaixonar sem desejo sexual, embora amiúde um leve ao outro. Mas eros é muito mais importante no sentido de ser o primeiro contato de alguns com o legítimo impulso de doação e afeição por um ser semelhante, que de outra forma nunca experimentariam. O mais vil criminoso, quando apaixonado, experimenta doação e afeição.

É o sentimento mais próximo de ágape, o amor totalmente desinteressado, que uma alma pouco evoluída pode experimentar. O sexo puro, sem ágape e sem eros somente existe nas plantas e nos animais, e em humanos que se comportam como tal. Eros surge no reino humano e, no homem desenvolvido espiritualmente, coexiste harmoniosamente com o desejo sexual e com ágape. Eros é uma força divina que intervém na vida humana servindo de ponte para se experimentar ágape, mas que precisa ser orientada pela inteligência, sob pena da alma entrar em sofrimento. Além disso, a sexualidade nos liga à freqüência do êxtase e assim pode nos unir novamente à fonte divina de êxtase e bem-aventurança.
A relação sexual deveria ser encarada unicamente como uma expressão desse amor mais profundo. Mas esse amor mais profundo pode, é claro, se expressar sexualmente ou não. Só vai depender das pessoas, de seus relacionamentos e das circunstâncias, mas é, em si mesmo, uma comunicação espiritual que vai além do emocional e do intelectual, pois o Amor não pode ser expresso em termos emocionais ou intelectuais. A relação sexual entre aqueles que se amam é um dos caminhos mais humanos à contemplação espiritual (Cf. adiante no Epílogo à Parte I) e como tal deve ser sempre encarado.

A relação sexual sela, energeticamente, uma união entre duas pessoas, independentemente da existência de um amor real. Essa união, quando há amor, cumplicidade e entrega, se torna mais forte e se fixa firmemente, unindo o casal através dos Chakras epigástrico, cardíaco, laríngeo e frontal. A conexão epigástrica se dá pelo desejo, a cardíaca pelo amor incondicional, a laríngea pela madura assimilação de que não se é dependente do outro e a frontal pela união espiritual dos dois corpos.

A dor da separação de um casal ocorre, em grande parte, pelo rompimento desse forte vínculo energético, dor que dura, em média, dois anos para curar. Esse é o tempo necessário ao fechamento do canal energético que ficou aberto. Quando se fala de um coração partido se fala de uma conexão energética interrompida ou da transferência de energias negativas através das ligações ainda íntegras no coração. Quanto mais forte a atração, mais forte será a repulsão. Então o cérebro físico concluirá, erradamente, que todos os vínculos se romperam.
“Todavia, se estabelecermos contato com o código do coração, verificaremos que a energia de nosso parceiro ou parceira está permanentemente dentro de nós, como uma memória celular sagrada e que as ondas de energia dele ou dela não são menos reais que as partículas físicas que o/a representavam” 74:263.
Dr. Paul Pearsall, Ph.D.
cardiologista

O que o cérebro interpreta como sofrimento na verdade é um rompimento da ligação de prazer e desejo e uma alteração energético-informativa da ligação entre os Chakrascardíacos. Conectar-se com essa energia do coração nos faz perceber que a promessa feita de amor eterno é realmente verdadeira, pois amar não é uma característica romântica do cérebro, mas uma ligação energética permanente entre dois corpos sutis.
“Aqueles com quem temos um relacionamento íntimo e com quem compartilhamos [energias sutis] intensamente sempre nos proporcionarão grande paz e grande sofrimento, e nós faremos o mesmo em relação a eles. Quando se trata de energia afetiva, deleite e aversão nunca estarão longe um do outro. Negar esse fato é um sinal de que o nosso cérebro romântico está dominando o coração amoroso e mais sábio” 74:265.
Dr. Paul Pearsall, Ph.D.
Para Platão, eros, que se manifesta primeiro como amor por um físico bonito, deve ascender intelectualmente e espiritualmente para algo superior. Em sua obra “O Banquete”, Platão defende que o verdadeiro amor seria a afeição elevada a um plano ideal que transcende o contato físico, mas não o exclui. Esse é o ideal platônico de amor, comumente e erroneamente interpretado como um amor impossível, afeição sem contato físico. Ágape, o amor totalmente desinteressado, de doação sem espera de recompensa, é o amor divino, muito relacionado com os conceitos de compaixão e caridade. Compaixão não no sentido de se sentir dó e pena do companheiro, mas no sentido de se colocar no lugar dele e entendê-lo como uma alma em evolução humana, igual a nós mesmos. Caridade no sentido de doar e doar-se sem esperar nada em troca. Ver o outro como uma expressão de Deus.

Para Osho, para se atingir o amor é necessário se estar no “aqui e no agora” (viver no presente), transformar os próprios venenos em mel (negatividades em positividades), compartilhar as positividades (a vida e tudo o que se tem) e se tornar um nada, pois no momento em que se acredita ser alguém, se pára e o amor deixa de fluir. Ser nada é ser sem ego: “amor e ego não podem existir juntos... sendo nada, você alcançará tudo... nada é Deus” 72:91. O amor humano é a única forma de encontrar Deus através do outro.

O amor é a atração entre um fragmento de Deus e os outros fragmentos, ou entre um fragmento e o próprio TODO, ao qual esses fragmentos pertencem. Dessa forma, o amor é a força contrária à força que a ilusão da separatividade gera. A real finalidade da união entre duas almas é capacitá-las a se auto-revelarem mutuamente e assim se revelarem a Deus: uma partícula de Deus se revelando a outra partícula Dele mesmo.Ágape é o amor entre aspectos do mesmo e incognoscível Deus:

Quando se atinge esse nível de consciência passa-se a compreender que amante, amado e amor são apenas formas ilusórias de apresentação do Amor, que se mostram àqueles ligados ao mundo físico ilusório. Em ágape não somos nós que amamos, mas um Outro que ama através de nós. Enquanto o amor porneia é o amor somático (desoma) à matéria, eros o amor emocional (de psique) para com o outro, storgé o amor mental (de psique) para com os parentes e philia o amor noético (de Nous) que se volta ao próprio interior, ágape é o amor pneumático (de pneuma), trans-humano e transpessoal, o amor que transcende o homem pois é o amor da Vida por Ela mesma: o amor divino.

Embora tenhamos falado muito em utilizar a paixão e o prazer como forma de se chegar ao Amor divino, muitas pessoas, obcecadas pelo tema do amor, procuram apenas uma outra pessoa que preencha o vazio energético que existe em suas vidas, esquecidas que estão de sua fonte interna de amor. E quando não têm esse “amor-tampão” ficam irritados e depressivos.

O prazer gerado por esse preenchimento de um vazio interior, gera confusão e medo. Ele tem uma raiz profunda em nosso instinto de sobrevivência, como personalidade, em que sentimos dor, como reação sensitiva àquilo que nos ameaça a sobrevivência, e prazer, àquilo que facilita a sobrevivência. E é esse prazer, que nos faz querer ficar junto do instrumento que nos preenche e usar a nossa mente racional lógica para descobrir meios de obter o intento de nossa persona. É a origem de nossas estratégias de caráter: mecanismos psicológicos que vampirizam energia dos outros nos relacionamentos (Cf. adiante).


http://www.orion.med.br/portal/index.php?option=com_content&vie...

Maria Elisete
Shalom...

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